CAPELANIA FAMILIAR

O NASCIMENTO DA FAMÍLIA
 
Esse nascimento ocorre com a união estável entre um homem e uma mulher. O casamento é uma instituição complexa, desde os motivos que o causam até os vários aspectos desse contrato.
Existem as causas aparentes e as causas secretas ou inconscientes que levam um casal a se unir. As causas aparentes são as declaradas. As secretas dão origem aos segredos e mitos familiares. Esses mitos produzem normas bem sistematizadas sobre o papel de cada membro no convívio familiar.
Esses segredos se tornam a chave da durabilidade da união e estão relacionados a quatro princípios, conforme a visão de Pinkus e Dare, que são:
- Projeções de impulsos, desejos e necessidades inconscientes no parceiro.
- Reciprocidade e complementaridade das necessidades e medos de ambos.
- Muitos desses anseios e medos são derivados dos relacionamentos da infância.
- Esses anseios normalmente se referem aos relacionamentos com os pais. 

DUAS GERAÇÕES

O nascimento dos filhos gera uma crise familiar, principalmente quando é o primeiro filho. A princípio é como se um corpo estranho chegasse para "perturbar" a normalidade da vida conjugal. O principal ponto do problema se refere ao fato de que agora o pai tem que dividir a esposa com o filho. Surge então a situação relacionamento triangular, o que é muito incômodo inicialmente.
Olhando de um outro prisma, a chegada da criança faz com que o pai sinta que perdeu sua posição de filho. Da mesma forma, a mãe sente que perdeu sua posição de filha. Isto é desconfortável e traz um grande peso de responsabilidade, porque ambos têm que assumir o papel de pais.
Tudo isso produz uma mistura de sentimentos antagônicos: amor, ódio, raiva, ciúme, etc. Assim, a estabilidade familiar se balança até alcançar o equilíbrio, o que, quase sempre ocorre, apesar dos contratempos e possíveis seqüelas. 

O BEBÊ CRESCE

Os cinco primeiros anos de vida da criança são importantíssimos no seu desenvolvimento. Ela vai se tornando cada vez mais independente e isso gera uma nova crise. Pais e filhos precisam sentir que o amor mútuo continua existindo apesar da diminuição da dependência.
Nesse processo se encontram a fase pré-edípica e a edípica.
Na primeira, a criança estabelece suas fontes internas de confiança através do cuidado materno. A seguir, ela já começa a estabelecer vínculos afetivos com outras pessoas além da mãe. Nessa fase já se existem manifestações de amor e ódio.
Na fase edípica temos o despertamento sexual da criança através de fantasias diversas. Nesse momento, o filho se liga mais à mãe e a filha, ao pai. Conseqüentemente, a criança vê o genitor do mesmo sexo como um rival. Aí se encontram as bases para sentimentos incestuosos. É evidente que o incesto não deve se manifestar de fato. É porém nessa base que se desenvolvem os futuros desejos sexuais da vida adulta. 

A FAMÍLIA ADOLESCENTE

Quando o filho entra na adolescência, toda a família entra em uma crise aguda. O adolescente abala as estruturas sob determinados aspectos. Ele questiona normas, enfrenta os pais, quebra costumes, procurando afirmar a sua individualidade. Os pais se vêem em grande dificuldade porque não conseguem mais manter a ordem doméstica como antes. Sua autoridade está ruindo. Por outro lado, o próprio vigor físico dos filhos adolescentes evidenciam pelo contraste a debilidade física dos pais. Tudo isso se torna um sofrimento para todos.
A crise da adolescência deve ser compreendida como uma verdadeira crise familiar. Reforçamos o ponto de vista de que é fundamental percebermos o significado das atitudes do adolescente para todo o grupo. 

A FAMÍLIA DE MEIA-IDADE

A adolescência dos filhos costuma coincidir com a meia-idade dos pais. Assim, temos duas crises simultâneas. A meia-idade coloca as pessoas cara a cara com a proximidade da morte. O temor se instala gradualmente. Ainda que a morte física ainda possa ser considerada como algo distante, outras "mortes" já ocorrem na pessoa, à medida em que seu corpo vai se debilitando.
Nessa fase da vida dos pais, muitos filhos saem de casa e isso agrava ainda mais a situação. Os pais se vêem de novo a sós, mas com pequenas possibilidades para o futuro. A vida profissional pode estar no apogeu, mas o declínio já se aproxima. Instalam-se o medo e a insegurança. Diante disso, muitas vezes surgem as acusações mútuas, que explicitam os conflitos individuais. Tal quadro gera algumas reações, fugas ou manipulações. Aí se enquadram as manias, as hipocondrias. As doenças ou a menopausa são usadas como refúgio ou como meio de chantagem para prender a atenção ou subordinação familiar.

A FAMÍLIA DA VELHICE

Nesse momento, sente-se a morte eminente. Além disso, o velho não produz e se sente inútil. Querendo provar a si mesmo e aos outros que ainda existe, ele acaba se tornando chato por suas interferências em questões diversas. Por outro lado, as pessoas se abstêm de um apego ao velho por saberem que sofrerão a qualquer momento com a sua morte. Assim, muitos são rejeitados e acabam vitimados pela solidão, principalmente nos casos em que o cônjuge já faleceu. Esse cenário é mais comum nas áreas urbanas. Nos meios rurais, o idoso tem muitas maneiras de se sentir útil e integrado à família. 

OBSERVAÇÃO

Ser Capelão sem saber dos fundamentos da família, é ser formado sem ter Diploma.

Que Deus lhe abençoe hoje e sempre.